Há dois meses houve o desfecho da greve da Polícia Militar da Bahia, que durante 12 dias mostrou ao Estado e ao país a fragilidade da segurança pública. Na semana passada, todos os líderes do movimento foram soltos. Talvez como uma resposta sem força diante da postura da Justiça com os grevistas, o governador Jaques Wagner escreveu um artigo no jornal Folha de São Paulo no domingo (1º) que só rendeu pompas e elogios à reação e conduta do seu governo diante da situação.
O texto, publicado na página Opinião e Debates, Wagner avalia o recente desfecho da greve da Polícia Militar como uma vitória da democracia. O governador diz, em seu artigo, que “nesse episódio, uma questão fundamental de referência era o significado nacional do movimento. O ponto essencial encontrava-se na forma como a greve seria enfrentada. Se fora dos preceitos democráticos, tendência a acender o estopim da revolta. Caso contrário, como ocorreu, dissuadiria movimentos similares como o que estava para eclodir no Rio de Janeiro. O revés da greve na Bahia protegeu o Brasil dos excessos de um corporativismo que afronta aos interesses coletivos”.
O governador Wagner pondera que “os brasileiros buscam uma vida segura e elegeu governos democráticos para participar, não para minar a sua autoridade”. Ao concluir, Wagner afirma que “não existe respeito ao direito de greve, de um lado, e respeito pela democracia, do outro. Existe, sim, uma coincidência entre direito de greve e democracia. É por isso que existem greves legais e greves inconstitucionais. Esse limite é o que assegura o estado democrático. É a única garantia de respeito à Constituição pelos governantes, da liberdade para a sociedade e segurança do cidadão”.
Há quem diga que a oposição já quer saber quem deu esta ideia ao governador - já que o assutno é considerado encerrado nos corredores políticos do Estado. A ocupação na Assembleia Legislativa da Bahia durou 12 dias e 172 homicídios foram regitrados em Salvador e na região metropolitana. Depois de uma intensa queda de braço, os militares desistiram de cobrar a revogação das prisões de dirigentes da Aspra e abrirão mão da anistia geral para todos os manifestantes. Sendo assim, Wagner se vangloriou no artigo dos feitos e 'controle' da greve, esquecendo de citar o quanto a população sofreu e quantos morreram pelo Estado ter permitido que este movimento tivesse início e durasse 288 horas.
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