Os 384 "aulões" promovidos pelo Governo da Bahia, através da Secretaria de Educação, vão custar pouco mais de R$ 1,5 milhão, conforme o que foi publicado no Diário Oficial do Estado no início desta semana. As sessões são parte de um pacote emergencial adotado diante da greve dos professores estaduais, que completou 77 dias nesta terça-feira (26) e continua por tempo indeterminado. O "aulão" inaugural acontece na Escola Parque, na Caixa D´Água, em Salvador, a partir das 14h de quarta-feira (27). Outros 12 bairros populosos da cidade também recebem o projeto, além de 11 cidades do interior do estado. O objetivo é preparar os alunos do 3° ano para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e vestibulares. O cronograma está no site da Secretaria.
A empresa contratada, a Abais Conteúdos Educativos e Produção Cultural Ltda, receberá R$ 4.145,00 por aula. Por se tratar de emergência, foi dispensada a etapa de licitação, informa a Secretaria. Para o órgão, a ação ajudará a "minimizar prejuízos" a aproximadamente 22 mil jovens vestibulandos somente em Salvador.
O professor Jorge Portugal, um dos sócios da empresa e coordenador dos "aulões", conta ao G1 que foi procurado no 65º dia da greve pelo secretário Osvaldo Barreto, iniciando a partir de então a preparação do corpo docente e do programa disciplinar.
"É como se tivéssemos organizado 24 cursinhos pré-vestibulares. Este valor não está exorbitante. Os professores são reconhecidos e o valor de mercado não é parâmetro. Não teria sentido propor a eles receber o mesmo valor de um professor da rede estadual", afirma Jorge Portugal. "Fazer educação não é barato", acrescenta.
Jorge Portugal explica que as aulas são interdisciplinares, com 32 temas comuns às provas do Enem, ministradas por cerca de 100 professores de pré-vestibulares particulares da capital baiana. "Serão quatro professores por 'aulão'. Vão ter turmas com quase mil alunos. O governo prevê 700, mas, se tiver mais, tenho que deixar entrar. Vai ter revisão do conteúdo e até aulas extras, de reforço, que não estão no pacote do governo. O aluno terá a possibilidade de tirar dúvida pela internet e vai conseguir pegar [o conteúdo]", avalia.
Os critérios para escolha da Abais, segundo a Secretaria, são "capacidade técnica, pedagógica e de infraestrutura". O órgão ressalta também ter sido levado em conta a experiência da empresa na realização de "grandes eventos" direcionados para vestibulares. Questões da infraestrutura estão contempladas no orçamento, entre eles, sonorização, iluminação, palco, organização pedagógica e filmagem dos aulões para veiculação na internet.
Retomada de aulas
O 3° ano do ensino médio foi a única série contemplada no plano emergencial para retorno das aulas, mesmo com greve, ocorrida na segunda-feira (25). Para saber em qual unidade vai estudar, os alunos podem acessar o site da secretaria. Informativos foram disponibilizados na portaria de cada escola e nas portas das salas para orientar professores e alunos. Cerca de 22 mil jovens são contemplados com a medida. Foram convocados 545 professores para ministrar as aulas. Eles atuam em estágio probatório e 706 contratados pelo Regime Especial de Direito Administrativo (Reda), além de profissionais que não aderiram ou que encerraram a participação no movimento.
Interior
Em Feira de Santana, cidade a cerca de 100 km da capital, 50 mil alunos estudam em 78 escolas da rede estadual. Do total, 4.592 estão matriculados no 3° ano. A greve paralisa as atividades em 43 escolas e, das demais, 13 funcionam parcialmente. De acordo com a Diretoria Regional de Educação (Direc), a reposição das aulas na cidade ocorrerão durante 16 sábados a partir de julho. Na cidade, 99 professores em regime Reda foram convocados para ministrar as atividades. Outros 55 que foram aprovados no último concurso da Secretaria Estadual da Educação também serão chamados.
Em Itabuna, a Direc do sul da Bahia afirma que oito das 20 escolas estaduais voltaram às aulas do 3° ano. Na cidade de Ilhéus, 35% dos estudantes do 3° ano voltaram a estudar. Dos 22 colégios estaduais, dez continuam sem aula, segundo a Secretaria da Educação. Na cidade de Barreiras, situada no norte do estado, das 15 escolas estaduais, 11 funcionam normalmente, informa o Direc local.
Adesão à greve
O secretário Osvaldo Barreto criticou a postura dos sindicalistas de estender a greve sem considerar os vestibulandos e garantiu que não existe a possibilidade de nova proposta por parte do governo. “Dos 417 municípios, nos aproximamos de 300 municípios sem nenhuma dimensão de greve, que se concentra basicamente em Salvador e em Feira de Santana”, afirma.
Pedido dos professores
Os professores pediram reajuste de 22,22%. Eles alegam que o governo fez acordo com a categoria, em novembro do ano passado, que garantia os valores do piso nacional, e depois ignorou o acordo mandando para a Assembleia um projeto de lei com valores menores. No dia 25 de abril, os deputados aprovaram o projeto enviado pelo executivo que garante o piso nacional a mais de cinco mil professores de nível médio. A proposta feita pelo governo prevê reajuste salarial entre 22% e 26% por meio de progressão na carreira, através da presença regular em cursos de qualificação promovidos pelo governo. O sindicato aponta, por outro lado, que a proposta não contempla os professores aposentados, em licença médica e estágio probatório.
(G1)
Fonte Acorda Cidade